quinta-feira, 18 de março de 2010

EXCLUSIVO: Estudo realizado em Piracicaba relaciona índice de mortes à alta concentração de poluentes na atmosfera

Danielle Jordan / AmbienteBrasil

Uma pesquisa realizada pelo cirurgião-dentista Telmo Bittar, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, FOP, da Universidade de Campinas, Unicamp, revelou que a concentração de material particulado (composto por partículas sólidas minúsculas, como a poeira) na atmosfera está relacionada com o número de óbitos por doenças dos aparelhos respiratório e circulatório.

Em sua tese de mestrado, o pesquisador apontou que a alta concentração dos poluentes pode ter relação com a atividade de queima da palha de cana-de-açúcar na região de Piracicaba, assim como à umidade relativa do ar. Em meses mais chuvosos as partículas tendem a se sedimentar e nos mais secos, a suspender-se.

O uso indiscriminado do fogo nas lavouras de cana foi apontado por Bittar como um dos principais fatores que causam a variação na qualidade do ar na cidade. Dados analisados pelo pesquisador em um Sistema de Informação Geográfica, com dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, Inpe, identificaram 255 pontos de focos de calor no município, sendo que 95% deles estavam em locais situados na zona rural, em vegetação não-florestal.

A maior parte dos focos de calor foi registrada entre os meses de maio e outubro, período que coincide com a época da colheita. “Eles ateiam fogo previamente à colheita como forma de facilitar o trabalho dos lavradores, sob a alegação que a ação espantaria animais peçonhentos”, disse.

De acordo com o cirurgião-dentista, para afirmar que a qualidade do ar de Piracicaba está sendo prejudicada apenas pelas queimadas, seria necessário um estudo mais aprofundado, levando em consideração fatores como direção e velocidade dos ventos, assim como a situação nos municípios vizinhos, como Charqueada, Saltinho, Tiete e São Pedro.

Apesar das estatísticas negativas, a pesquisa mostrou, também, que o ar na cidade apresentou uma melhora de 20%, em relação às estatísticas de 1997 e 1998, quando foi realizado um levantamento semelhante pelo médico pneumologista José Eduardo Delfini Cançado.

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